Amei-te tanto! Amei-te por tudo o que tu eras. Por tudo o que me fazias ser. Por tudo o que vivemos e pelo que crescemos desde o primeiro dia em que nos cruzamos. Amei-te porque cresci e continuei a ser a mesma criança que sempre multiplicou sonhos. A criança que vivia de sonhos que se sentavam à espera de um futuro. A criança que tu transformaste em mulher.
Amei-te porque trouxeste o cheiro da felicidade para a minha vida. Espalhaste por aqui a tentação. Fizeste deste corpo de uma mulher esquecida o jardim para os sonhos da criança que se tornou atrevida. O teu amor fez renascer aquele frio na barriga, que eu só tinha sentido quando o medo tomava conta de mim. Mas esse frio agora era quente, trazia o calor de um amor que espalhava pelo meu corpo. Aquele calor a quem toda a gente chamava paixão.
Pensar em ti era chamar por esse frio ainda antes de tu chegares. Era ter a certeza de tu existia e despertar de imediato para a vida.
Amei-te tanto que um dia passou por aqui uma tempestade e eu passei a odiar-te. Odiei-te tanto quanto antes te tinha amado. Odiei-te por me recordar que me tinhas feito feliz. Porque de cada vez que a tristeza chega até mim trazia com ela as lágrimas que me recordavam os nossos momentos e que gritavam sem parar o quanto já tinhamos sido felizes. E sabes, quem nos fez feliz jamais será esquecido e era por isso que eu te odiava, porque jamais te esqueceria.
Amei-te tanto que odiava não te poder esquecer.
Não era possível deixares de pertencem à minha vida. Estavas impregnado na minha pele. O teu cheiro ficou lá, e nem a água do tempo será capaz de me lavar para apagar esse cheiro. Há cheiro que aparecem para ficarem em nós e tu foste um deles. Já tentei das banhos perfumados com o odor de outros amores. Pensei que podia cultivar flores diferentes neste jardim para poder colher outras paixões.
Mas, de nada adiantou, porque a tristeza de me lembrar de quem já fomos volta sempre a bater nesta porta. E és sempre tu quem a vem abrir, deixando que o sofrimento volte a entrar. As tuas recordações abraçam-me e volto a voar nos mundo dos nossos sonhos.
Amei-te tanto, que ao amor juntei o ódio, fazendo com que esse amor ficou ainda mais forte. És agora uma muralha que ninguém conseguirá derrubar.
@angela caboz