Já toquei em tantos corações.
E há outros tantos corações que me tocaram. Já dei tantos trambolhões, da mesma forma que já tive quem me amparasse nas quedas que tinha para dar. As quedas que me ensinaram a ser sempre quem fui.
Andei por aqui por este mundo, por vezes, demasiado pequeno para mim.
Procurei-me durante tanto tempo, nas horas em que jurei à vida que não tinha tempo para mim. As horas em que gastava todos os minutos procurando-me fora de mim, sem perceber que era cá dentro que estava a resposta para tudo o que sou.
Não serão nunca os outros que me vão ensinar quem sou e o que sinto. Serei sempre eu a fazer essa descoberta. Os outros apenas me acompanham na caminhada.
Desarrumei a minha vida para dar ar aos meus sentimentos, para mudar de lugar as tristezas.
Arrastei as mágoas já envelhecidas para a rua, e fui lá buscar sorrisos coloridos para decorar a minha sala que andava demasiado escura. Abri as janelas para que pudesse entrar o ruído da vida onde só se ouvia o hino da solidão.
Caminhei por estradas cheias de curvas, onde as rectas eram tristezas e as encruzilhadas se apresentavam com sinais de sofrimento.
Andei pelas estradas da vida, porque é ela que nos ensina. Pisei pedras e contornei obstáculos, quando o mundo parecia querer desmoronar aos meus pés.
Toquei todos esses corações de quem se aproximou de mim para partilhar momentos que a vida me deixou viver.
E esses corações abraçaram quem eu sou, mostrando-me que o amor se partilha para que possamos ser felizes em conjunto.
@angela caboz